A Polícia Federal (PF) revelou informações alarmantes em sua representação ao Supremo Tribunal Federal (STF), que embasou os pedidos de prisão de envolvidos em um suposto plano de golpe de Estado. Segundo as investigações, o objetivo seria impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e realizar atentados contra ele, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Entre os investigados, destaca-se o general Mário Fernandes, que chegou a ocupar o cargo de ministro interino no governo de Jair Bolsonaro.
Minuta do plano golpista
A operação incluiu a descoberta de uma minuta detalhada que apresentava a estrutura de um possível gabinete pós-golpe. O documento, associado ao general Mário Fernandes, atribuía cargos estratégicos aos generais Augusto Heleno e Braga Netto, que foram ministros do governo Bolsonaro. Heleno seria o chefe de gabinete, enquanto Braga Netto ocuparia a posição de coordenador-geral. Fernandes, por sua vez, atuaria como assessor estratégico, oferecendo suporte na tomada de decisões do então presidente.
Conexões com o acampamento no QG do Exército
As investigações também apontam para o envolvimento direto de Mário Fernandes com manifestantes acampados em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Mensagens obtidas pela PF indicam que Fernandes mantinha contato frequente com os extremistas, fornecendo orientações e apoio financeiro. Segundo o relatório policial, ele era o principal elo entre o governo de Jair Bolsonaro e os grupos golpistas.
Influência sobre os manifestantes radicais
De acordo com os documentos, Fernandes é descrito como um líder influente e um dos militares mais radicais do núcleo investigado. Testemunhos e provas indicam que ele desempenhou um papel central nas articulações, influenciando manifestantes e outros militares para apoiar o plano golpista. Além disso, registros mostram que Fernandes buscou mobilizar figuras importantes do governo para proteger Bolsonaro de pressões contrárias.
Planejamento “Punhal Verde e Amarelo”
Um dos elementos mais graves das investigações foi a descoberta de um documento intitulado “Planejamento – Punhal Verde e Amarelo”, elaborado em novembro de 2022. O plano, que incluía até detalhes de armamento e métodos, sugeria ações extremas, como envenenamento de Lula, codinome “Jeca”, e de Alckmin, apelidado de “Joca”. A PF descreveu o material como uma estratégia de alto risco, com características terroristas.
Participação em reunião estratégica
Relatos apontam que Fernandes participou de uma reunião com a presença de Bolsonaro, ministros, assessores e membros da cúpula militar. Durante o encontro, ele teria defendido que as ações golpistas ocorressem antes das eleições, argumentando que um atraso colocaria o país em um cenário ainda mais desarticulado. Segundo ele, o risco de agir antecipadamente seria menor do que enfrentar as consequências após o resultado eleitoral.
A trajetória militar de Mário Fernandes
Natural de Brasília, Mário Fernandes iniciou sua carreira no Exército em 1983, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Em 2016, foi promovido a general de brigada e, entre 2018 e 2020, comandou o Comando de Operações Especiais em Goiânia, unidade conhecida pela formação de militares da elite chamados “kids pretos”. Este grupo também foi associado às investigações da PF.
Transição para o governo Bolsonaro
Ao passar para a reserva em 2020, Fernandes assumiu cargos estratégicos no governo de Jair Bolsonaro. Ele ocupou a função de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, além de exercer, em momentos específicos, o cargo de ministro interino. Sua proximidade com o núcleo do poder o colocou em posição privilegiada para as articulações mencionadas na investigação.
Mauro Cid e a rede de militares envolvidos
As mensagens analisadas pela PF revelam trocas entre Fernandes e outros militares, como Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro. Essa comunicação teria sido usada para fomentar o plano golpista. Mauro Cid, em acordo de colaboração premiada, destacou o papel radical de Fernandes e sua liderança dentro do grupo militar investigado.
Tentativa de influenciar ministros
Em dezembro de 2022, Fernandes teria procurado o então ministro da Secretaria-Geral, general Luiz Eduardo Ramos, para tentar assegurar que Bolsonaro mantivesse uma postura firme contra as pressões externas. Suas declarações nesse contexto indicam a determinação em evitar qualquer “atraso” nas ações golpistas planejadas.
Estratégia antidemocrática
As provas levantadas pela investigação reforçam que as ações de Mário Fernandes ultrapassaram meras sugestões políticas, configurando um esquema detalhado e organizado. Sua influência sobre extremistas e a formulação de documentos estratégicos apontam para a seriedade das intenções golpistas.
Ações futuras e desdobramentos
Com a gravidade das acusações, a atuação da PF, do STF e de figuras como Alexandre de Moraes será essencial para determinar a responsabilidade de todos os envolvidos. As revelações sobre os kids pretos, o plano “Punhal Verde e Amarelo” e as conexões de Fernandes com manifestantes radicais são peças centrais para elucidar o caso.
Resumo para quem está com pressa
- Mário Fernandes, ex-ministro interino de Bolsonaro, é investigado por planejar golpe e atentados contra Lula e autoridades.
- Documento “Punhal Verde e Amarelo” detalhava métodos terroristas para executar os planos.
- Fernandes mantinha contato direto com extremistas acampados no QG do Exército, oferecendo apoio e orientações.
- Ações envolviam militares, incluindo Mauro Cid, que confirmou o papel radical de Fernandes.
- O general participou de reuniões estratégicas e buscou mobilizar aliados para blindar Bolsonaro.
- PF, STF e Alexandre de Moraes conduzem investigações para responsabilizar os envolvidos.