Se você, como eu, cresceu ouvindo o velho ditado “ver para crer”, é hora de preparar o coração — e os neurônios — porque nada mais será como antes. No universo digital de hoje, onde a inteligência artificial parece estar fazendo malabarismos dignos de David Copperfield, o tal “ver” já não é mais sinônimo de “crer”.
Vídeos gerados por IA estão quase que oficialmente dizendo: “Não me peça para ser verdadeiro, pois a verdade virou ficção científica!”
Vamos começar pelo famoso (ou infame) thispersondoesnotexist.com — o site que, com a ajuda das redes generativas adversariais, as célebres GANs (Generative Adversarial Networks), cria rostos humanos de pessoas que simplesmente não existem. Essa tecnologia não é nova, está no jogo há quase uma década, lapidando detalhes até deixar suas criações tão convincentes que até seu chefe teria dificuldade em dizer se aquela “pessoa” na foto é real ou um truque de Photoshop.
Mas até aí é só uma foto, certo? Nada que a gente não possa desconfiar com um olhar mais atento… ou uma análise no Forensic Tool. A grande virada de chave — o verdadeiro ponto de ruptura — está ocorrendo agora, nesse exato momento, com a geração de vídeos por IA. E, meu amigo, aí a coisa fica assustadora mesmo, pois os vídeos são ótimos, e as ferramentas são muito fáceis e acessíveis.
Imagine um mundo onde políticos podem falar palavras que nunca disseram, celebridades podem protagonizar cenas que nunca filmaram e seu tio do pavê pode ser eternizado em um vídeo que ele jura não lembrar de ter gravado (e provavelmente não lembra mesmo). Essa tecnologia já está entre nós, e a qualidade está tão alta que separar o real do fake virou missão para poucos especialistas ou para quem tem paciência de desencriptar cada frame com lupa.
Se São Tomé — aquele apóstolo clássico que só acreditava vendo — voltasse hoje, provavelmente teria que tirar férias permanentes. Porque, no ritmo que a IA está evoluindo, o “ver para crer” virou “duvidar até ter certeza na ponta dos dedos”.
Vivemos uma era onde a confiança visual virou um jogo de CSI digital. E você? Vai continuar acreditando no que vê ou já está pedindo o laudo pericial antes de clicar no “compartilhar”?