A inteligência artificial (IA) está se mostrando uma ferramenta poderosa para pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), auxiliando em tarefas que, para muitos, seriam desafiadoras. Becky Litvintchouk, empreendedora e mãe, é um exemplo de como a IA pode transformar a vida de quem lida com essa condição. Becky, que sempre teve dificuldades para gerenciar as inúmeras tarefas diárias devido ao TDAH, encontrou na IA um aliado essencial. Utilizando aplicativos como o Claude, ela conseguiu otimizar processos em sua empresa, como a leitura de contratos e a criação de planos de negócios, algo que antes parecia impossível.
ChatGPT
Especialistas reconhecem que as ferramentas de IA generativas, como o ChatGPT, podem ser especialmente úteis para quem tem TDAH. Essas ferramentas ajudam a superar desafios como a falta de concentração, a desorganização e a impulsividade, proporcionando uma maneira mais eficiente de executar tarefas. No entanto, há um consenso de que a IA deve ser usada como um complemento ao tratamento tradicional, e não como um substituto. A preocupação com a confiança excessiva na tecnologia e a invasão de privacidade são aspectos que não podem ser ignorados.
Importância do equilíbrio
Emily Kircher-Morris, uma conselheira que trabalha com pacientes neurodivergentes, incluindo aqueles com TDAH, vê a IA como uma ferramenta que pode atrair e engajar essas pessoas. A tecnologia, ao despertar o interesse dos usuários, pode incentivá-los a explorar novas formas de gerenciar suas vidas. No entanto, tanto Kircher-Morris quanto outros especialistas, como John Mitchell, da Duke University, ressaltam a importância de manter um equilíbrio. Eles argumentam que, enquanto a IA pode funcionar como um “salva-vidas” em situações difíceis, ela não deve substituir as habilidades essenciais que precisam ser desenvolvidas ao longo do tempo.
Além do trabalho
A utilidade da IA para pessoas com TDAH vai além do ambiente de trabalho. Litvintchouk, por exemplo, utiliza o ChatGPT até mesmo para fazer compras de supermercado, uma tarefa que pode ser especialmente desafiadora para quem lida com desorganização. Ela compartilha essas estratégias em vídeos no TikTok, ajudando outras pessoas com TDAH a descobrirem como a tecnologia pode melhorar suas vidas diárias. Essa prática demonstra o potencial da IA para dividir grandes tarefas em partes menores e mais gerenciáveis, algo crucial para quem tem dificuldades em se concentrar.
O impacto da IA no gerenciamento do TDAH também pode ser observado no desenvolvimento de ferramentas como o Goblin.tools, criado pelo engenheiro de software Bram de Buyser. Essa ferramenta, voltada para neurodivergentes, inclui funcionalidades como a “magic to-do”, que transforma tarefas complexas em listas de afazeres simples, facilitando o processo de organização. De Buyser deixa claro que seu objetivo não é criar uma cura, mas fornecer um suporte que faça a diferença no dia a dia dos usuários.
Dificuldades com a IA
Entretanto, a utilização de IA para TDAH não está isenta de problemas. Russell Fulmer, professor da Universidade de Husson, aponta que a pesquisa sobre IA e TDAH ainda é inconclusiva. Ele destaca que, embora a IA possa ter um impacto positivo, não funciona igualmente bem para todos. Pessoas de cor, por exemplo, podem encontrar dificuldades com a IA, pois os algoritmos, muitas vezes, reproduzem vieses raciais e culturais, o que pode resultar em respostas inadequadas ou insensíveis.
Bots de ajuda
Valese Jones, uma publicitária diagnosticada com TDAH na infância, utiliza bots de IA para auxiliar em tarefas como leitura e resposta a e-mails. No entanto, ela nota que as respostas geradas pela IA nem sempre capturam sua identidade, especialmente em termos de regionalismo e identidade cultural. Isso revela uma limitação significativa na capacidade da IA de adaptar-se a nuances individuais, o que pode impactar a autenticidade da comunicação.
Privacidade
Por fim, Bram de Buyser alerta para as implicações de privacidade ao utilizar IA como assistentes pessoais. À medida que essas ferramentas acessam informações pessoais para fornecer suporte, os usuários acabam compartilhando dados sensíveis com grandes corporações, o que pode gerar preocupações sobre a segurança e o uso desses dados. Apesar das vantagens, é essencial que o uso de IA seja acompanhado de cautela, especialmente quando envolve informações pessoais delicadas.
Resumo para quem está com pressa:
- A inteligência artificial tem ajudado pessoas com TDAH a gerenciar tarefas complexas, como contratos e planos de negócios.
- Especialistas recomendam que a IA seja usada como complemento ao tratamento tradicional para TDAH.
- Aplicativos de IA, como ChatGPT, podem dividir grandes tarefas em etapas menores, facilitando a organização.
- Ferramentas como Goblin.tools foram desenvolvidas para apoiar neurodivergentes na realização de tarefas diárias.
- Há preocupações com vieses raciais e culturais nos algoritmos de IA, afetando a eficácia para diferentes grupos.
- O uso de IA levanta questões de privacidade, com dados pessoais sendo acessados por grandes empresas.