Em julho de 2025, os Estados Unidos iniciaram uma investigação formal contra o Brasil por supostas práticas comerciais digitais discriminatórias, com foco no sistema de pagamentos instantâneos PIX, que estaria favorecendo empresas brasileiras em detrimento de concorrentes norte-americanas como Visa e Mastercard. Como parte dessa investigação, foi anunciado o aumento de tarifas de 10% para 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, a partir de 1ᵒ de agosto de 2025
Tanto o presidente Lula quanto o ministro Haddad reagiram, defendendo o PIX como uma inovação tecnológica nacional essencial, enquanto acusavam o governo Trump de tentar proteger os interesses de grandes empresas de cartões de crédito americanas
O que diz Paul Krugman
No artigo “Has Brazil Invented the Future of Money?” publicado em 22 de julho de 2025, o Nobel de Economia Paul Krugman afirma que o PIX representa uma forma de concorrência pública extremamente eficiente, que supera sistemas privados como o Zelle nos EUA. Krugman nota que:
- Cerca de 93% dos adultos brasileiros já usam o PIX.
- As transações são realizadas em apenas 3 segundos, contra até 2 dias com cartões.
- O custo para os usuários é zero — e para empresas, apenas 0,33%, muito abaixo dos custos dos cartões de débito e crédito.
Krugman argumenta que os EUA não conseguiriam adotar algo equivalente no curto prazo devido à forte influência da indústria financeira privada e ao ideário político de que o governo não deve operar sistemas concorrentes ao setor privado. Ele também observa que o governo Trump indicou que só a existência do PIX já é vista como concorrência injusta às empresas norte-americanas.
O que aponta a revista The Economist
Em reportagem de abril de 2025, The Economist destacou que o PIX, criado pelo Banco Central do Brasil em 2020, transformou o setor financeiro nacional. Usado por mais de 150 milhões de brasileiros, o PIX tornou-se dominante inclusive em áreas remotas da Amazônia, promovendo inclusão financeira e reduzindo custos de transação.
A revista também observou que, por operar dentro do modelo público-controlado, o PIX concentra poder no Banco Central, o que gera desconfiança em setores que preferem infraestrutura financeira dominada por entidades privadas The Economist.
Em Resumo
- O PIX desafia um modelo dominado por gigantes americanos, oferecendo uma alternativa mais eficiente, acessível e inclusiva.
- Trump e setores financeiros dos EUA enxergam PIX como ameaça aos lucros de cartões privados — ao contrário da lógica pública valorizada por Lula e Krugman.
- À medida que o PIX cresce, ele expõe tensões entre inovação digital e poder financeiro consolidado — e isso está no centro do recente conflito diplomático entre Brasil e EUA.