Starlink sabotada: Brasil e China tentarão quebrar domínio de Musk

Elon Musk controla a Starlink, líder no mercado de internet via satélite no Brasil

Elon Musk controla a Starlink, líder no mercado de internet via satélite no Brasil (Divulgação)

A expansão da internet via satélite tem revolucionado a comunicação, especialmente em regiões de difícil acesso. A Starlink, pertencente ao bilionário Elon Musk, atualmente lidera o mercado no Brasil, mas a gigante chinesa SpaceSail planeja entrar com força no setor. Essa competição promete impactar as telecomunicações e incentivar a concorrência. Neste artigo, vamos detalhar os avanços da SpaceSail e o contexto das relações Brasil-China, os desafios para operar no país, e as implicações dessa rivalidade para a Starlink de Elon Musk.

A Expansão da Starlink e o Papel de Elon Musk

A Starlink, controlada pela SpaceX de Elon Musk, transformou o mercado de internet via satélite com uma rede de satélites de órbita baixa (LEO), oferecendo uma conexão de alta velocidade e baixa latência. No Brasil, a Starlink é amplamente utilizada, especialmente em áreas remotas e na Amazônia, onde a infraestrutura terrestre é escassa. Com uma participação de 45,9% no mercado nacional, a Starlink já atende a milhares de brasileiros e empresas, incluindo as Forças Armadas e a Petrobras, reforçando a relevância da empresa no setor.

O Avanço Chinês: Quem é a SpaceSail?

A SpaceSail é uma empresa privada chinesa sediada em Xangai, com um ambicioso plano de lançar até 15 mil satélites até 2030. Hoje, a empresa conta com 18 satélites e visa construir uma constelação que ofereça cobertura de internet global, competindo diretamente com a Starlink. Assim como Elon Musk, a SpaceSail utiliza satélites LEO, situados a aproximadamente 549 km de altitude, o que garante uma transmissão de dados rápida e estável.

A Entrada da SpaceSail no Brasil

A entrada da SpaceSail no Brasil foi discutida pela primeira vez em agosto de 2023, quando representantes da empresa se reuniram com autoridades brasileiras, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin. A meta é que a SpaceSail comece a operar no Brasil até 2025, mas para isso a empresa precisa da autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e de acordos de cooperação com o governo brasileiro para instalação de infraestrutura no solo.

Memorando de Entendimento Brasil-China

Segundo Hermano Barros Tercius, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, o Brasil e a China devem assinar memorandos de entendimento durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, em 20 de novembro. Esse acordo poderia abrir portas para a SpaceSail atuar no mercado brasileiro, fomentando uma cooperação técnica e estratégica que viabilizaria a entrada da empresa no setor de internet via satélite.

Impactos do Memorando de Entendimento para a SpaceSail

Com o apoio do governo brasileiro, a SpaceSail poderá superar barreiras regulatórias e avançar em infraestrutura para operar seus serviços no Brasil. Esse acordo também considera a possibilidade de cooperação da Telebras, estatal brasileira de telecomunicações, para levar internet a escolas e instituições públicas em regiões carentes, uma estratégia que fortaleceria a posição da SpaceSail.

A Base de Lançamento de Alcântara

Uma proposta do governo brasileiro é que a SpaceSail utilize o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, como base para o lançamento de satélites. Essa parceria beneficiaria ambos os lados: para o Brasil, seria um passo estratégico para dar uso à base e fortalecer as telecomunicações nacionais; para a SpaceSail, representaria um avanço logístico e econômico, acelerando o lançamento de novos satélites.

Crise Entre Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal

As tensões entre Elon Musk e o governo brasileiro, especialmente com o Supremo Tribunal Federal (STF), têm gerado incertezas sobre o futuro da Starlink no Brasil. Em agosto, o STF suspendeu as operações do X (antigo Twitter), também controlado por Musk, por descumprimento de normas locais. Embora o bloqueio tenha sido revogado, a situação despertou preocupações sobre a continuidade da Starlink no país e a dependência brasileira dos serviços da empresa.

Riscos do Monopólio e a Necessidade de Diversificação

Hermano Tercius destacou que o governo brasileiro busca evitar monopólios no setor de internet via satélite. A entrada da SpaceSail é vista como uma maneira de incentivar a competição e diversificar o mercado, reduzindo a dependência da Starlink e garantindo que a população tenha acesso a serviços com preços mais competitivos e qualidade superior.

Estratégia da SpaceSail para Conquistar o Mercado Brasileiro

Assim como a Starlink, a SpaceSail planeja oferecer internet via satélite mediante a instalação de pequenas antenas para usuários finais. Essa tecnologia de fácil acesso e com alta conectividade é fundamental para atingir comunidades isoladas. A expectativa é que a SpaceSail, com sua vasta constelação de satélites, consiga competir diretamente com a Starlink em qualidade e alcance, atraindo tanto clientes privados quanto instituições governamentais.

A Visão da China e o Investimento em Infraestrutura Satelital

A China tem interesse estratégico em expandir seus mercados para além de suas fronteiras, e o setor de internet via satélite é uma das prioridades do governo. Em 2020, o governo chinês estabeleceu como meta a criação de uma nova infraestrutura para internet satelital. Assim, o avanço da SpaceSail no Brasil representa uma oportunidade tanto comercial quanto diplomática para os chineses.

A Disputa Geopolítica na Era Espacial

A chegada da SpaceSail ao mercado brasileiro é também uma questão de geopolítica. À medida que a China expande sua influência na América Latina, o Brasil se torna um ponto estratégico para essa disputa. Por outro lado, o domínio da Starlink e o vínculo de Elon Musk com o mercado americano acrescentam camadas de complexidade, especialmente em um cenário de tensões políticas entre os EUA e a China.

Concorrência boa para o consumidor

A possível entrada da SpaceSail no mercado brasileiro de internet via satélite desafia o monopólio da Starlink e promove uma concorrência que pode beneficiar o consumidor. A competição entre Elon Musk e a China no setor de internet via satélite mostra que a corrida espacial também é comercial e geopolítica, e o Brasil desempenha um papel central nessa disputa. A evolução das negociações entre Brasil e China nos próximos meses será determinante para o futuro da SpaceSail no país.

Resumo para quem está com pressa

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