Porque o chip quântico do Google vai revolucionar a computação

O chip Willow é o mais recente processador de computação quântica desenvolvido pelo Google

O chip Willow é o mais recente processador de computação quântica desenvolvido pelo Google (Divulgação/Google)

O Google revelou na última segunda-feira (9) um avanço impressionante em computação quântica com o lançamento do chip Willow. Essa nova tecnologia promete transformar o campo, alcançando um feito antes considerado impossível: resolver, em apenas cinco minutos, cálculos que os supercomputadores mais rápidos do mundo levariam até dez septilhões de anos para completar — um período muito maior do que a idade estimada do Universo. Entenda a seguir os detalhes deste marco histórico.

O que é o chip Willow e por que ele é revolucionário?

O chip Willow é o mais recente processador de computação quântica desenvolvido pelo Google. A empresa, que já havia impressionado o mundo em 2019 com um chip capaz de resolver cálculos complexos em minutos, superou suas próprias conquistas. Desta vez, o foco foi não apenas no desempenho, mas também na solução de um dos maiores problemas da área: a correção de erros.

Segundo Sundar Pichai, CEO do Google, Willow introduz uma abordagem inédita que reduz erros exponencialmente à medida que aumenta a quantidade de qubits no sistema, resolvendo um desafio de 30 anos na computação quântica.

Entendendo os qubits: o coração da computação quântica

Na computação tradicional, os processadores utilizam bits, que assumem os valores de 0 ou 1. Já na computação quântica, o processamento ocorre por meio de qubits, que podem representar 0, 1 e qualquer combinação entre esses estados simultaneamente. Essa característica, chamada de superposição, permite que os qubits processem informações em uma escala exponencialmente maior.

Entretanto, os qubits têm um problema: são extremamente suscetíveis a erros devido à sua interação com o ambiente. Resolver essa fragilidade sempre foi um desafio para a indústria.

Como o Google solucionou o problema dos erros?

O Google inovou ao introduzir mais qubits no sistema e corrigir os erros em tempo real. O método, publicado na revista Nature, demonstrou que é possível operar “abaixo do limiar” — termo usado para descrever um sistema onde os erros diminuem proporcionalmente ao aumento de qubits.

Esse marco representa um progresso significativo desde que a correção de erros quânticos foi proposta pelo matemático Peter Shor, em 1995. “Demonstrar que estamos abaixo do limiar é essencial para a evolução da computação quântica”, destacou Hartmut Neven, fundador do Google Quantum AI.

Willow e a quebra do limite dos supercomputadores

Nos testes, o Willow resolveu cálculos de benchmark em menos de cinco minutos, algo que levaria um supercomputador mais de 10^25 anos para completar. Para se ter uma ideia da magnitude disso, o tempo necessário supera a idade do Universo, estimada em 13,8 bilhões de anos.

Esse avanço reforça a chamada supremacia quântica, termo que descreve quando um computador quântico realiza tarefas impossíveis para máquinas clássicas. No entanto, o Google busca ir além da supremacia, visando aplicações práticas.

Aplicações futuras da computação quântica

O Google já traça o próximo grande objetivo: realizar cálculos quânticos úteis para o mundo real, que computadores tradicionais não consigam replicar. Entre as aplicações possíveis estão:

Impactos na inteligência artificial

Uma das áreas mais promissoras para a computação quântica é a inteligência artificial (IA). A tecnologia quântica permitirá processar grandes volumes de dados de forma exponencialmente mais rápida, tornando os algoritmos de aprendizado de máquina mais eficientes e precisos. Isso pode revolucionar áreas como diagnóstico médico, análise de mercado e segurança digital.

O papel do Google na liderança quântica

Com o Willow, o Google reafirma sua liderança em computação quântica. Desde 2019, a empresa investe pesado no desenvolvimento de processadores quânticos e em laboratórios de pesquisa dedicados ao tema. O foco agora está na escalabilidade e na viabilização de aplicações práticas que beneficiem a sociedade.

Desafios à frente

Apesar do avanço, o Google ainda enfrenta desafios significativos, como a miniaturização da tecnologia e sua adaptação para uso comercial. Além disso, o custo elevado e a complexidade dos sistemas quânticos limitam sua aplicação imediata.

A revolução que está por vir

A computação quântica ainda está em seus estágios iniciais, mas as inovações trazidas pelo chip Willow indicam um futuro promissor. A expectativa é que, em algumas décadas, essa tecnologia transforme setores inteiros, desde saúde até energia e transporte.

Resumo para quem está com pressa

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