Como o WhatsApp mudou o jeito de vermos filmes e ouvirmos música

Cenas em que o capitão Kirk encontra a nave Enterprise pela primeira vez nos filmes de 1979 (acima) e de 2009 (Foto: Reprodução)

Cenas em que o capitão Kirk encontra a nave Enterprise pela primeira vez nos filmes de 1979 (acima) e de 2009 (Foto: Reprodução)

Como amante do cinema, gosto de observar nos filmes os valores e o estilo da sociedade da época em que foram feitos. Mesmo na ficção científica, eles retratam um suposto futuro seguindo os padrões de quando foram criados.

As plataformas de streaming guardam tesouros para ver a evolução disso ao longo do tempo. É interessante notar, nos seus primeiros filmes, James Bond, o espião mais tecnológico do mundo, usando telefones públicos, pois não havia nada parecido a um celular. Sem falar nos seus comportamentos, comuns então, mas reprováveis hoje.

Uma coisa que sempre me chama a atenção nesse exercício é o ritmo dos filmes. Os roteiros precisam refletir a velocidade do seu tempo. Por isso, assistir a um filme dos anos 1980 hoje pode ser uma experiência torturante para muitos. Não pela história ser ruim, mas porque algumas cenas podem parecer extremamente longas para um mundo em que WhatsApps e TikToks aceleram nossas vidas a um nível quase insuportável. Mesmo que não usemos esses produtos especificamente, o meio digital transformou todos nós.

Isso afeta não apenas a maneira como consumimos filmes, músicas e outros conteúdos, mas também a maneira como são produzidos. Roteiristas e compositores precisam fazer essas mudanças ou correm o risco de ficar sem público.

Um exemplo é a cena em que o capitão Kirk encontra pela primeira vez nos filmes a icônica nave Enterprise, na franquia “Star Trek”, algo muito importante para os fãs. No filme de 1979, o ator William Shatner, pôde fazer isso de maneira contemplativa em uma cena de quase cinco minutos (na foto, acima). Já na versão de 2009, Chris Pine tem menos de um minuto para fazer o mesmo de forma bem mais acelerada e intensa (clique nos links para assistir às cenas).

As músicas também sofrem com a “aceleração da vida”. Introduções melodiosas e solos instrumentais desaparecem para que o ouvinte chegue ao clímax logo. As faixas ficam limitadas a três minutos, para evitar que se passe para outra música antes de seu fim. Se isso acontece, os algoritmos podem entender que a música não é tão interessante, tocando-a menos daí em diante.

Os recursos digitais nos transformaram em pessoas ansiosas e podem prejudicar nossa compreensão. Não funcionamos no ritmo de computadores e smartphones e nosso cérebro precisa de tempo para absorver, processar e armazenar as informações.

Estamos perdendo a capacidade de contemplar e apreciar o belo e até o útil. Acelerar músicas para que acabem logo pode estar na moda, mas faz sentido?

A tecnologia nos torna mais produtivos: isso é inegável e bem-vindo. Mas não pode matar aquilo que nos diferencia das máquinas, que é nossa capacidade de olhar a natureza em seu tempo desacelerado e aprender algo assim.

Na sua opinião, como saber que estamos “passando do ponto” nessa “aceleração da vida”?

Para entender melhor esses riscos patrocinados pelas plataformas digitais, convido você a assistir ao vídeo da minha Pílula de Cultura Digital dessa semana.

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