Projeto de engenheiro holandês pode transformar deserto do Sinai em área verde e fértil

Projeto de Engenheiro quer transformas a península do Sinai, no Egito, em área verde

Projeto de Engenheiro quer transformas a península do Sinai, no Egito, em área verde (Divulgação)

O engenheiro holandês Ties van der Hoeven tem um objetivo ousado: transformar uma vasta área de deserto estéril em terras verdes e férteis, repletas de vida selvagem. Seu alvo é a Península do Sinai, no Egito, uma região árida que conecta a África à Ásia e que, segundo ele, já foi repleta de vida há milhares de anos. Mas, devido à agricultura e outras atividades humanas, essa área foi gradualmente convertida em um deserto hostil.

O projeto

Van der Hoeven acredita que pode reverter esse processo. Ele passou anos refinando uma iniciativa para restaurar a vida vegetal e animal em aproximadamente 35 mil quilômetros quadrados do Sinai, uma área equivalente ao estado de Maryland, nos Estados Unidos. A ambição é imensa: aumentar a captação de dióxido de carbono, elevar os índices de chuva e trazer benefícios como alimentos e empregos para as comunidades locais.

Essa ideia faz parte de uma solução para problemas globais, como a crise climática. “Estamos destruindo nosso planeta de uma maneira assustadora“, disse Van der Hoeven. Para ele, a única saída holística para esse cenário é a regeneração ecológica em larga escala. Contudo, projetos de “reverdecimento” de desertos não são novos, e muitos tentam deter a desertificação — um processo que as Nações Unidas chamam de “crise silenciosa e invisível que está desestabilizando comunidades em escala global“.

Controvérsias

Entretanto, o conceito de transformar desertos em áreas verdes é controverso. Críticos apontam que esses projetos são de complexidade imensa e que podem trazer impactos imprevisíveis, afetando o clima e os recursos hídricos de maneiras negativas. Apesar disso, Van der Hoeven segue confiante, motivado por experiências anteriores e pelo potencial regenerativo que viu em outras partes do mundo.

O engenheiro iniciou sua trajetória no projeto ao ser chamado pelo governo egípcio, em 2016, para restaurar as populações de peixes no Lago Bardawil, no norte do Sinai. O lago, que já foi profundo e repleto de vida, agora é raso, quente e salgado. Van der Hoeven rapidamente elaborou um plano para revitalizar o lago, criando canais de maré e escavando sedimentos para permitir um fluxo maior de água do mar.

Mas ao examinar a região no Google Earth, ele vislumbrou algo maior: a geografia do Sinai ainda mostrava vestígios de rios antigos, sugerindo que a terra já foi verde e fértil. A partir daí, ele começou a ver possibilidades. Van der Hoeven propôs usar os sedimentos escavados do Lago Bardawil, ricos em nutrientes, para ajudar a regenerar as áreas ao redor do lago, criando condições ideais para o desenvolvimento de plantas e animais.

Fazer chover

O plano de Van der Hoeven vai além. Ele pretende utilizar a vegetação para alterar os padrões climáticos da região, incentivando a formação de nuvens e o aumento das chuvas. Para ele, o “verdecimento” do Sinai poderia até mesmo mudar os ventos, trazendo fluxos de ar mais úmidos e beneficiando ainda mais a região.

Esse processo, no entanto, será demorado. Van der Hoeven estima que levará de cinco a sete anos para revitalizar o Lago Bardawil, e de 20 a 40 anos para restaurar toda a região do Sinai. “É a natureza que nos diz a velocidade”, afirmou o engenheiro, que também está ciente de que essa não será uma jornada simples.

Projetos parecidos em outras partes do mundo

Projetos similares já foram implementados com sucesso em outras partes do mundo, como o “Green Gold” na China, onde a região do Planalto de Loess foi regenerada após décadas de degradação. Esse projeto trouxe vegetação e reduziu a erosão, mostrando que a regeneração em larga escala é possível. Para Van der Hoeven, isso é mais uma prova de que seu plano no Sinai pode funcionar.

Otimismo e Determinação

Ainda assim, especialistas alertam para os riscos. Há preocupações de que plantas não nativas possam se tornar invasoras, prejudicando a flora e fauna locais. Além disso, o impacto no abastecimento de água e nos padrões climáticos globais pode ser imprevisível, gerando efeitos adversos em outras regiões.

Apesar das incertezas, Van der Hoeven permanece otimista e determinado. Ele vê a restauração ecológica como a única saída para a crise ambiental que enfrentamos. Para ele, o tempo de hesitação acabou: “Devemos agir e aceitar que não sabemos tudo. Mas é preciso tentar.”

Resumo para quem está com pressa:

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