Cientista diz que catástrofe climática que acabaria com humanos pode estar muito próxima

Cientistas de vários países estão preocupados com colapso na principal circulação do Oceano Atlântico

Cientistas de vários países estão preocupados com colapso na principal circulação do Oceano Atlântico (Foto: Pixabay)

Um colapso na principal circulação do Oceano Atlântico, conhecida como Amoc (Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico), pode ter consequências devastadoras e irreversíveis para o clima global. De acordo com uma carta aberta assinada por 44 especialistas de 15 países, os riscos desse fenômeno foram “grandemente subestimados”. Entre os signatários, o oceanógrafo e climatologista Stefan Rahmstorf, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, alerta que o aquecimento global está acelerando esse processo, com impactos catastróficos para a Terra.

O que é a Amoc?

A Amoc é um sistema de correntes oceânicas que transporta calor do Oceano Atlântico tropical para o norte. As águas quentes da superfície fluem em direção ao Atlântico Norte, liberando calor na região subpolar, ao sul da Groenlândia e oeste da Grã-Bretanha. Após perder calor, essas águas resfriadas afundam a profundidades entre 2.000 e 3.000 metros, retornando para o sul como uma corrente fria. Esse sistema é um dos maiores transportadores de calor do planeta e desempenha um papel crucial no clima da Europa, na absorção de CO2 pelos oceanos e na distribuição de oxigênio nos mares.

Diferença entre a Amoc e a Corrente do Golfo

A Amoc e a Corrente do Golfo estão conectadas, já que o fluxo norte da Amoc passa pela Corrente do Golfo, uma corrente quente e rápida que se origina no Golfo do México e flui ao longo da costa dos EUA em direção à Europa. A Amoc contribui com apenas 20% do fluxo de água da Corrente do Golfo, mas é responsável pela maior parte do transporte de calor, já que sua corrente de retorno é extremamente fria, funcionando como um “sistema de aquecimento central” para o Atlântico.

O que está acontecendo com a Amoc?

Indícios sugerem que a Amoc está desacelerando nos últimos 60 ou 70 anos devido ao aquecimento global. O sinal mais alarmante é uma “mancha fria” no norte do Atlântico, única região do planeta que esfriou nas últimas duas décadas, enquanto o restante da Terra aqueceu. Este é um sinal claro de que menos calor está sendo transportado para essa região, exatamente como previam os modelos climáticos em resposta à desaceleração da Amoc.

Outras evidências do enfraquecimento da Amoc

Outros sinais de que a Amoc está enfraquecendo incluem um aquecimento excessivo ao longo da costa leste da América do Norte. Isso ocorre porque a desaceleração da Amoc empurra a Corrente do Golfo para mais perto da costa. Além disso, o teor de sal na água do Atlântico norte está em seu nível mais baixo desde que começaram as medições há 120 anos. Esse fenômeno está diretamente relacionado à desaceleração da Amoc, que traz menos água salgada e quente dos trópicos.

A importância da salinidade

A salinidade da água do mar é crucial para o funcionamento da Amoc. Quando a água é menos salgada, ela se torna menos densa, o que dificulta o afundamento necessário para impulsionar a circulação oceânica. Portanto, quanto menos sal na água, mais lenta será a circulação da Amoc. Este processo cria um ciclo vicioso: à medida que a Amoc enfraquece, a água fica menos salgada, o que por sua vez enfraquece ainda mais a circulação.

O que está causando a mudança na salinidade?

O aquecimento global afeta diretamente a salinidade, intensificando o ciclo da água com mais evaporação nos trópicos e mais precipitação nas regiões subpolares. Além disso, o derretimento das geleiras e da camada de gelo da Groenlândia adiciona água doce ao oceano, diluindo ainda mais a salinidade e enfraquecendo a Amoc.

O ciclo de feedback amplificador

Esse processo cria um ciclo de feedback: à medida que a Amoc enfraquece, a região subpolar se torna menos salgada, o que acelera o enfraquecimento da Amoc. Esse ciclo pode continuar indefinidamente, mesmo que as emissões de gases de efeito estufa sejam interrompidas, levando ao eventual colapso do sistema de circulação oceânica.

Quando a Amoc pode atingir o ponto de não retorno?

A grande incerteza é saber quando a Amoc atingirá o ponto de não retorno. Esse ponto crítico é difícil de prever, pois depende de variações sutis na salinidade, taxas de precipitação e derretimento da Groenlândia, que são complexas de modelar com precisão. Estima-se que o colapso da Amoc possa ocorrer ainda neste século.

O que dizem as previsões?

Há alguns anos, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estimava que as chances de colapso da Amoc neste século eram inferiores a 10%. No entanto, estudos mais recentes indicam que um colapso provavelmente será desencadeado nas próximas décadas. Especialistas agora avaliam o risco em cerca de 50%.

Já passamos do ponto crítico?

Embora seja improvável que já tenhamos ultrapassado o ponto de não retorno, os cientistas não descartam completamente essa possibilidade. O colapso total da Amoc pode levar de 50 a 100 anos para se concretizar, o que dificulta a identificação precisa de quando esse ponto foi ultrapassado. No entanto, os especialistas acreditam que ainda há tempo para evitar o colapso completo.

Quais seriam os sinais de colapso iminente?

Monitorar o fluxo de água no Atlântico e observar a mistura profunda de inverno nas regiões subpolares são formas de detectar sinais de colapso da Amoc. Se a mistura profunda começar a diminuir significativamente, isso pode indicar que estamos nos aproximando do ponto de não retorno.

Consequências de um colapso da Amoc

O colapso da Amoc teria impactos climáticos massivos, incluindo o resfriamento do hemisfério norte, especialmente no noroeste da Europa. Haveria também uma mudança no cinturão tropical de chuvas, levando a secas severas em algumas regiões e enchentes em outras. Além disso, o nível do mar no Atlântico Norte poderia subir meio metro, agravando os efeitos do aquecimento global.

Impacto nos ecossistemas oceânicos

O colapso da Amoc também afetaria profundamente os ecossistemas oceânicos. A redução no fornecimento de nutrientes e oxigênio para as profundezas do Oceano Atlântico teria um impacto devastador na biologia marinha e na pesca, ameaçando a sustentabilidade das espécies marinhas que dependem dessas correntes para sobreviver.

O efeito sobre a captura de CO2 pelos oceanos

Atualmente, a Amoc ajuda a transportar grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) das águas superficiais para as profundezas do oceano, onde ele fica armazenado por longos períodos. Com o enfraquecimento ou colapso da Amoc, a capacidade dos oceanos de absorver CO2 seria severamente reduzida, acelerando o processo de aquecimento global.

O colapso da Amoc traria algum efeito positivo?

Algumas regiões poderiam sentir um equilíbrio entre o resfriamento causado pelo colapso da Amoc e o aquecimento global. No entanto, o efeito dominante seria um aumento na variabilidade climática, com invernos mais rigorosos em partes da Europa e verões mais quentes em outras regiões. Isso levaria a eventos climáticos extremos, prejudicando a agricultura e aumentando o número de tempestades severas.

A comparação com outros pontos de inflexão climáticos

O colapso da Amoc é apenas um dos muitos pontos críticos climáticos que a Terra enfrenta. Outros exemplos incluem o colapso de recifes de corais, a degradação da Amazônia e o derretimento das camadas de gelo na Groenlândia e na Antártida, que podem elevar o nível do mar em metros ao longo dos próximos séculos.

O que pode ser feito para evitar o colapso da Amoc?

A solução está na redução das emissões de combustíveis fósseis e no combate ao desmatamento. Cumprir o Acordo de Paris e limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C é essencial para impedir que esses sistemas críticos entrem em colapso. A ciência é clara: o futuro do planeta depende de ações urgentes para frear o aquecimento global.

Resumo para quem está com pressa:

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