Luellem de Castro, que vive Talíssia, uma jovem vítima de intolerância religiosa em Malhação, dá uma banana para o preconceito

luellem-de-castro,-que-vive-talissia,-uma-jovem-vitima-de-intolerancia-religiosa-em-malhacao,-da-uma-banana-para-o-preconceito

A atriz, que também é praticante do Candomblé, já sentiu o preconceito na pele

Abençoada pelos Orixás que regem a sua vida, Luellem de Castro mergulha por lugares comuns aos de sua personagem em Malhação: Vidas Brasileiras. Talíssia pertence ao Candomblé e enfrenta o preconceito de pessoas intolerantes à sua crença. Assim como a estudante, Luellem também é candomblecista e já foi vítima de discriminação. “A intolerância com as religiões de matriz africana acontece independente de ser da religião ou não. O fato de você ser negro já gera piada. Na época de escola, as pessoas me chamavam de macumbeira, bruxa e feiticeira”, afirma a atriz. Naquele período, Luellem ainda não era adepta da religião. Hoje, já inteirada sobre sua crença, a jovem ganhou a sabedoria de como lidar com o preconceito. “Dentro do Candomblé, a gente ganha muita força para lidar com isso e encontro apoio de muita gente que se preocupa. Os comentários preconceituosos entram por um ouvido e saem pelo outro. Tento alertar essas pessoas, através do diálogo”, afirma Luellem, que nunca chegou a ser agredida por praticar sua religião, ao contrário de Talíssia, que foi atacada por Jorge (Hugo Germano) e ainda terá que enfrentar mais batalhas para defender o terreiro de futuras invasões.

Em Vidas Brasileiras, Talíssia foi agredida por ser adepta do Candomblé Foto: Reprodução

Xô preconceito!
Para Luellem, Talíssia veio no momento certo. Afinal, a atriz tem vivido intensamente o universo espiritual por meio da arte da interpretação. Segundo a jovem, ter conhecimento sobre o Candomblé facilitou na concepção da personagem. “A gente consegue ter mais argumentos. Já é algo que faz parte da minha vida, por causa das minhas vivências. Ela é forte, lida com valentia e doçura ao mesmo tempo”, brada. Para os intolerantes de plantão, a atriz avisa: “Estudar é legal. O que acontece com a intolerância é a falta de conhecimento, pela herança histórica. Já que proibiram essa consciência no passado. O interessante é escutar, ouvir”, ensina. “Talíssia é um retrato interessante dos adolescentes de hoje. Com a internet, eles conseguem ter mais informações e aí se sentem mais seguros para discursar. É a geração de jovens que está aí para definir as coisas”, acredita.

A música sempre esteve presente na vida da jovem, que faz parte da banda Nós Somos Foto: Reprodução Instagram

Gravidez precoce
Em Malhação, Luellem também é a porta-voz de outro assunto: a gravidez precoce. Nascida e criada em Duque de Caxias, subúrbio carioca, ela viu de perto as amigas serem mães muito cedo. “Do meu grupo do ensino fundamental, todas têm filhos. Isso acontece o tempo inteiro. Talíssia deixa de fazer muitas atividades por conta da filha. Não estamos romantizando o que é ser mãe adolescente, mas não condenamos ninguém. Buscamos o equilíbrio”, conta. Aos 22 anos, a atriz encara o desafio de, logo em seu primeiro trabalho na TV, interpretar uma personagem que já é mãe. Ela revela que foi complicado gravar as primeiras cenas com a pequena Maria Alice Guedes, que faz Valentina, filha de Talíssia. “Sempre me dei muito bem com crianças. Eu dava aulas de teatro infantil. Mas, para a estreia na TV, é muito difícil, porque o tempo de atuação é outro. Mas energia de criança é uma maravilha”, diz.

A atriz em cena  em Pineal – Ritual Cênico, uma peça de ritual sobre cura Foto: Reprodução Instagram

Representatividade
Com uma etapa de sua vida conquistada, ao entrar para Malhação, a jovem concilia a novela com a banda Nós Somos. Além disso, a artista é o orgulho da família. “Eles acham o máximo. Meu pai (Leônidas) é viciado em novela e sempre assistiu Malhação, então ele sempre fica me mandando mensagem para saber o que vai acontecer (risos)”, diverte-se. Luellem também recebe o carinho dos jovens negros, que se sentem representados por ela na trama. “Estamos abrindo espaços que, antes, pareciam impossíveis, embora ainda a passos um pouco lentos. Nossa luta é por igualdade. Fico feliz por fazer parte disso”, conclui , orgulhosa.

Sair da versão mobile