Ellen Rocche revela se aceitaria um marido gay, como Suzy, sua personagem em O Outro Lado do Paraíso

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A atriz se despede da trama de Walcyr Carrasco, que termina hoje

Membro de uma família pra lá de moderna, Suzy protagonizou várias confusões ao longo de O Outro Lado do Paraíso. Tudo por conta de sua paixão e união com Samuel (Eriberto Leão). A enfermeira descobriu que o marido é gay e conviveu às turras com o amante de Samuel, Cido (Rafael Zulu), a noiva dele, Irene (Luciana Fernandes) e a sogra Adneia (Ana Lúcia Torre). Coube a Ellen Rocche encarnar a bela Suzy, mostrando, mais uma vez, sua veia no humor. Em seu primeiro papel fixo em uma trama das 9, a paulistana se despede do folhetim e revela que está em uma nova fase, após ter completado 20 anos dos carreira.   

Você já descobriu que um namorado era gay, assim como Suzy?
Nunca passei por uma situação dessas. Mas, por incrível que pareça, muita gente tem essa experiência. As pessoas tem a preocupação com a opinião dos outros, então, acaba deixando de fazer o que querem. Muitos acreditam que a traição é ficar com outra pessoa, mas a traição maior é não saber da vida verdadeira do outro, ser enganada duplamente. Conheci mulheres que vivem ou já viveram um relacionamento de fachada, por que isso é muito normal.

Em O Outro Lado do Paraíso, a Tigrinha veio ao mundo para  dar alegria para Suzy, Samuel e Adneia. Foto: Reprodução

Como você agiria se soubesse que seu namorado é gay?
Existe a paixão e o amor. A paixão deixa a gente cega, como foi no caso da Suzy. Ela criou um homem na cabeça dela. Todo mundo sente quando é amada de verdade, mas a gente não quer enxergar isso e cria dificuldades. O amor é a aceitação total do outro. Talvez eu aceitasse por causa da convivência com a pessoa amada. O amor verdadeiro faz com que o outro se liberte. Eu ajudaria o meu parceiro a se soltar e poder viver o que ele deseja ser de verdade.

Como a Suzy, você também sonhava com o príncipe encantado?
Eu tive essa ideia no começo da adolescência, mas, depois, vi que príncipe encantado não existe, que as pessoas têm defeitos e até encontrar alguém que queira caminhar com você, demora. Comecei a trabalhar muito cedo, aos 14 anos. Tinha que cuidar da minha casa, tenho um irmão (George), que é especial e que é praticamente meu filho. Todo mundo me pergunta se não penso em ser mãe, mas já tenho um filho. Desde quando minha mãe faleceu, sou eu que cuido dele. 

Com os irmãos, Iza e George, e o pai, Celso.  A atriz paulistana confessa que considera o irmão como um filho que ela não teve. Foto: Reprodução/ Rede Globo

Acredita na lei do retorno, como é abordado na novela?
Sim. A vida dá voltas. Já vi várias coisas acontecerem. Sou canceriana com ascendente em câncer, então, sou uma maria mole. Eu fico com pena das pessoas em dois segundos. Eu não guardo mágoas. Penso o seguinte: quando alguém me faz mal, eu não quero dar o troco, porque a vida vai ensinar para essa pessoa, se não for pelo amor, vai ser pela dor. 

Em 20 anos de carreira, como se sente ao lembrar de sua trajetória?
Me orgulho muito do meu passado. É como um filme passando em minha cabeça. Graças a tudo que eu vivi, me possibilitou estar onde estou. Sempre acreditei no meu trabalho com dignidade, nunca tive QI, nem puxei o saco de ninguém. Fico muito feliz por estar numa novela com Fernanda Montenegro, Gloria Pires, Marieta Severo… É uma realização profissional e pessoal. 

Em Haja Coração (2016), você fugiu da figura de símbolo sexual. Foi muito importante pra você?
Foi muito importante, com ceerteza, porque as pessoas sempre me associam a personagens sensuais. E a Leonora não teve nada disso, ela era abrutalhada. Com a Leonora, eu me desprendi do meu corpo, do peso e da vaidade. Me transformei por inteira. 

A estrela teve que engordar para dar vida à  maluca da Leonora, que vivia arrumando confusão na novela Haja Coração. Foto: Divulgação/ Rede Globo

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