Banco Central prevê novos aumentos da taxa de juros para conter inflação

Banco Central eleva a taxa Selic para 12,25% e prevê novos aumentos em 2025

Banco Central eleva a taxa Selic para 12,25% e prevê novos aumentos em 2025 (Pixabay)

O Banco Central (BC) avaliou que a recente disparada do dólar, com a cotação ultrapassando R$ 6 nas últimas semanas, tem influenciado diretamente o comportamento dos preços e das taxas de juros no país. Essa situação é agravada pela percepção negativa do mercado em relação ao pacote fiscal apresentado pelo governo, que afetou, de forma relevante, ativos como a moeda americana e os juros futuros.

Decisão do Copom e choque nos juros

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em um ponto percentual, levando-a a 12,25% ao ano. Essa foi a terceira alta consecutiva e configura um choque monetário com impacto direto na economia. Além disso, o BC indicou mais dois aumentos de mesma magnitude no início de 2025, em resposta às novas pressões inflacionárias.

Câmbio, demanda e expectativas de inflação

Segundo a ata da reunião do Copom, o repasse do câmbio para os preços se intensifica em cenários de demanda aquecida, expectativas desancoradas ou movimentos cambiais persistentes. O comitê destacou a necessidade de acompanhar de perto a transmissão da taxa de câmbio para os preços e para a atividade econômica.

Intervenção no mercado cambial

Para tentar conter a volatilidade do dólar, o Banco Central realizou intervenções diretas no mercado cambial. Na segunda-feira (16), a instituição vendeu US$ 1,6 bilhão no mercado à vista e ofertou um leilão de linha de US$ 3 bilhões, uma modalidade de empréstimo de dólares. Apesar disso, a taxa de câmbio fechou o dia em R$ 6,09, um novo recorde.

Impacto do pacote fiscal na economia

O Banco Central ressaltou que o pacote fiscal apresentado pelo governo gerou tensão no mercado financeiro, afetando o preço dos ativos e elevando as expectativas de inflação. Segundo o Copom, a percepção negativa do pacote fiscal elevou o prêmio de risco e contribuiu para a piora do cenário inflacionário.

Deterioração do cenário inflacionário

De acordo com o Banco Central, os fatores de curto e médio prazo para a inflação se deterioraram significativamente. Aspectos como a desvalorização do dólar, o hiato do produto e a desancoragem das expectativas exigem uma política monetária mais contracionista, ou seja, juros mais altos para conter a alta dos preços.

Política fiscal e harmonia com os juros

O Copom mandou um recado claro à equipe econômica do governo, enfatizando que a política fiscal deve ser previsível, crível e anticíclica. A harmonia entre as políticas fiscal e monetária é essencial para evitar que o Banco Central precise aumentar ainda mais a taxa Selic.

Riscos de juros neutros mais altos

O Copom alertou que o abandono de reformas estruturais, o aumento do crédito direcionado e as incertezas fiscais podem elevar a taxa de juros neutra da economia. Isso tornaria mais custosa a política de desinflação e impactaria negativamente a atividade econômica.

Sistema de metas de inflação

O Banco Central adota o sistema de metas de inflação, mirando resultados futuros. A meta para 2024 é de 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%. A partir de 2025, o regime de metas passou a ser contínuo, mantendo a mesma margem de oscilação.

Projeções de inflação

As projeções do Copom indicam inflação de 4,9% em 2024, 4,5% em 2025 e 4% em 2026. Para os economistas do mercado financeiro, a inflação deve ficar em 4,89% em 2024 e 4,60% em 2025, ambas acima do teto da meta.

Cenário externo desafiador

O Banco Central também apontou o ambiente externo como desafiador, especialmente devido ao cenário nos Estados Unidos. Políticas protecionistas, defendidas por Donald Trump, podem impactar os juros americanos e, consequentemente, a taxa de câmbio.

Dinamismo econômico e riscos internos

No cenário interno, indicadores como o PIB e o mercado de trabalho apresentaram dinamismo. Contudo, o aperto das condições financeiras deve resultar em uma desaceleração futura. Além disso, riscos como a resiliência da inflação de serviços e a desvalorização do dólar tornam o quadro mais adverso.Resumo para quem está com pressa

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