A invasão de turistas argentinos no Brasil

Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, uma das preferidas dos “hermanos”.

Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, uma das preferidas dos “hermanos”. (Foto: Pablo de la Fuente)

Em dezembro, ingressaram 242.000, aumento de 57% em relação ao mesmo mês do ano passado. Esperam 1.500.000 no primeiro trimestre de 2025. Os efeitos do câmbio.

O ano de 2024 foi o melhor da história para o turismo internacional no Brasil. O país alcançou a marca recorde de 6.657.377 turistas estrangeiros no ano, um crescimento de 12,6% em comparação ao ano anterior. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 7 de janeiro, pelo Ministério do Turismo, Embratur e Polícia Federal (PF). Somente em dezembro, 690.236 estrangeiros visitaram o Brasil, número 11,1% maior que o registrado no mesmo mês de 2023 e o terceiro melhor dezembro da série histórica.

Hermanos

Para conseguir esses números, o Brasil contou com uma grande ajuda dos “hermanos”. Sim, em dezembro de 2024, 242.000 argentinos ingressaram no Brasil (35% do total), para completar 1.953.548 ao longo do ano todo. Em 2023, foram 153.594 em dezembro, totalizando 1.882.000. O aumento foi de 57% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O melhor dezembro dos últimos sete anos. O crescimento no número de visitantes não se repetiu nas percentagens. Os argentinos representaram, em 2023, 32% do total de estrangeiros. Em 2024, esse número caiu para 29% do total porque também houve um forte crescimento dos outros países. 

Qual é a razão principal da “avalanche” de argentinos? Ao longo de 2024, o peso argentino foi a moeda que mais se valorizou no mundo (+40%), enquanto o real foi uma das moedas que mais perdeu valor (21,82%). É a maior vantagem cambial dos últimos 26 anos. O milho em Ipanema custa um pouco mais de US$ 2 e o “choclo” em Mar de las Pampas, praia da província de Buenos Aires, um pouco menos de US$ 4. O índice Big Mac da revista The Economist atualizado pela agência de notícias Reuters revela que o tradicional hambúrguer custa US$ 4,49 no Brasil e US$ 7,37 na Argentina. 

Os custos das passagens de avião ou ônibus, ou de combustível, para os que atravessam a fronteira de carro, se compensam com os melhores preços de hospedagem e alimentação no Brasil. Para muitos argentinos, é o momento de conhecer o Brasil. Para outros, de explorar novas praias. “O argentino está acostumado a pensar tudo em dólar: ‘quanto meu salário em pesos significaria em dólar’ – explica Constanza Bodini, diretora da Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo no portal GZH -. Com uma moeda mais estável e mais valorizada, faz muito mais sentido para o argentino pensar em viajar para lugares que eram impossíveis. Porque antes, se trocasse o seu salário em peso por dólar, era um valor muito baixo. Agora, trocar seu dinheiro significa ter muito mais dólares. Com mais dólares e um real desvalorizado, traz mais benefícios.”

Expectativas

Os números explosivos de dezembro do ano passado correspondem às expectativas do Ministério do Turismo e da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) para 2025: eles esperam 1.500.000 argentinos no primeiro trimestre do ano. Em 2024, foram 982.494. O aumento chegaria a 50%. Com esses números, o recorde de 2017 seria superado: 2.622.000, metade deles no primeiro trimestre. 

As expectativas são baseadas nos seguintes dados: 

Em todo o ano de 2023, 740.356 argentinos ingressaram por via aérea (1.018.216 por via terrestre). Em 2024, foram 784.063 por via aérea e 801.267 por terra (faltam os dados de dezembro que não foram detalhados até 10 de janeiro).

Em 2017, o ano recorde até o momento, os argentinos gastaram US$ 1,6 bilhão no Brasil. Eles ficaram em média 11 dias e gastaram cerca de US $ 620 cada. Talvez em 2025 esse recorde seja superado.

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