O crescimento do vídeo social e das notícias centradas em personalidades representa mais um desafio para os veículos de mídia tradicionais. Essa é uma das principais conclusões do Digital News Report 2025, elaborado pelo Instituto Reuters para Estudos de Jornalismo.
Segundo o autor do estudo, Nic Newman, o avanço desse modelo de conteúdo, focado em influenciadores e criadores, reforça a dificuldade das redações tradicionais em manter a atenção do público, especialmente o mais jovem.
O relatório também destaca uma mudança no comportamento de políticos ao redor do mundo: muitos têm optado por conceder entrevistas a apresentadores digitais simpáticos às suas ideias, evitando jornalistas da mídia convencional. Essa tendência é particularmente visível entre líderes populistas, que estão cada vez mais driblando o jornalismo profissional e preferindo canais de partidários, influenciadores e personalidades online. O problema? Esses espaços raramente trazem questionamentos críticos e, em muitos casos, acabam sendo palco para narrativas distorcidas ou desinformação.
A preocupação com a qualidade da informação é real: quase metade da população global (47%) aponta influenciadores e personalidades online como uma das principais fontes de informações falsas ou enganosas, um patamar equivalente ao dos próprios políticos.
O estudo também traz dados sobre o desempenho das plataformas sociais no consumo de notícias. O X (antigo Twitter) mantém uma audiência estável – ou até em crescimento em alguns mercados – com destaque para os Estados Unidos, onde o número de usuários com perfil ideológico mais à direita triplicou desde que Elon Musk assumiu a plataforma em 2022. No Reino Unido, a audiência de direita quase dobrou.
Enquanto isso, redes concorrentes como Threads, Bluesky e Mastodon ainda têm pouca relevância global no consumo de notícias, com alcance inferior a 2%.
Outros insights importantes do estudo:
TikTok: A rede social chinesa – da Bytedance – segue como a rede social de notícias que mais cresce, com 17% dos usuários globais recorrendo à plataforma para se informar – um aumento de quatro pontos percentuais em um ano.
Chatbots: O uso de chatbots de IA para consumir notícias também está em alta, especialmente entre os jovens com menos de 25 anos, que usam esses recursos duas vezes mais que a média da população.
IA e Fake-news: Apesar da adoção crescente de novas tecnologias, há um ceticismo generalizado: a maioria das pessoas acredita que a IA deve tornar as notícias menos transparentes, menos precisas e menos confiáveis.
Marcas tradicionais seguem confiáveis: Mesmo com todas essas transformações, marcas jornalísticas tradicionais ainda são vistas como referência em credibilidade, mesmo que sejam acessadas com menos frequência que antes.
O levantamento chega à sua 14ª edição, com base em entrevistas com quase 100 mil pessoas em 48 países.