Um ex-engenheiro do Google foi detido sob a acusação de espionagem e vazamento de segredos comerciais relacionados à tecnologia de inteligência artificial (IA) da empresa e de colaborar secretamente com duas empresas chinesas.
Linwei Ding, de 38 anos, de nacionalidade chinesa, foi preso na quarta-feira (6) em Newark, Califórnia, e enfrenta quatro acusações federais de roubo de segredos comerciais, cada uma passível de pena de até 10 anos de prisão.
A denúncia alega que Ding, contratado pelo Google em 2019 para desenvolver software para os centros de dados de supercomputação da empresa, começou a transferir segredos comerciais sensíveis e informações confidenciais para sua conta pessoal no Google Cloud em 2021.
“Segundo as autoridades, Ding continuou fazendo uploads periódicos até 2 de maio de 2023, quando supostamente carregou mais de 500 arquivos exclusivos contendo informações confidenciais”, disse o Departamento de Justiça dos EUA em um comunicado.
Os promotores afirmam que, após roubar os segredos comerciais, Ding assumiu um cargo de diretor de tecnologia em uma startup chinesa de inteligência artificial (IA) e participou de reuniões com investidores para essa empresa. Além disso, Ding é acusado de fundar e atuar como CEO de uma startup na China focada em treinamento de modelos de IA usando chips de supercomputação.
“Essas acusações ilustram os comprimentos aos quais os afiliados de empresas sediadas na República Popular da China estão dispostos a ir para obter inovação americana”, disse o diretor do FBI, Christopher Wray. “O roubo de tecnologia inovadora e segredos comerciais de empresas americanas pode resultar na perda de empregos e ter consequências econômicas e de segurança nacional devastadoras.”
Se condenado em todas as acusações, Ding enfrenta uma sentença máxima de 40 anos de prisão e uma multa de até US$ 1 milhão.
Este caso destaca as tensões contínuas entre os EUA e a China em relação ao roubo de propriedade intelectual e à corrida para liderar tecnologias emergentes, como a IA.
Crise e espionagem entre EUA e China
Além do caso recente envolvendo o ex-engenheiro do Google, há uma série de outras disputas e tensões no campo da alta tecnologia entre os Estados Unidos e a China.
Uma das questões mais proeminentes é a guerra comercial entre os dois países, que incluiu uma série de medidas punitivas e tarifas sobre importações de tecnologia. Isso tem impactado diretamente empresas de ambos os lados, como a Huawei, que enfrentou restrições significativas às suas operações nos EUA e em outros países ocidentais.
Além disso, as preocupações com a segurança cibernética e a espionagem industrial têm sido uma fonte constante de tensão. Os Estados Unidos têm acusado repetidamente a China de se envolver em ciberataques e roubo de propriedade intelectual, enquanto a China nega essas acusações e afirma ser vítima de uma campanha de difamação.
A corrida para dominar tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, a computação quântica e a 5G, também tem aumentado as tensões entre os dois países. Ambos estão investindo bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento nessas áreas, com o objetivo de estabelecer liderança global e garantir vantagens estratégicas em áreas-chave da economia e da segurança nacional.
No entanto, essas disputas não se limitam apenas ao campo da tecnologia. Elas têm ramificações mais amplas e podem afetar o comércio internacional, a geopolítica e até mesmo a estabilidade econômica global. Como resultado, a relação entre os Estados Unidos e a China continua sendo uma das questões mais prementes e complexas da política internacional contemporânea.